Olá! Povo de D'us

Não é em imaginação que fico mais calma e que me encho de esperança quando olho o céu, as nuvens, a Lua e as estrelas. É um remédio melhor do que a valeriana e o bromo. A natureza torna-me um ser humilde, torna-me capaz de suportar melhor todos os golpes.

As pessoas com mais idade já têm opiniões formadas sobre todas as coisas e já não vacilam, não hesitam perante as dificuldades da sua vida. A nós, os jovens, custa-nos manter-nos firmes nos nossos pareceres por vivermos numa época em que mostra pelo seu lado mais horroroso, em que se duvida da verdade, do direito, de Deus.
Pr Jonathan de Almeida

Isaías - o profeta evangelista

ISAÍAS O PROFETA EVANGELISTA


INTRODUÇÃO.

O profeta Isaías tem seu livro classificado na sessão dos “profetas maiores” do Antigo Testamento. Tal classificação deve-se à extensão dos escritos, contudo posso afirmar que ele também se destaca diante do conteúdo de suas mensagens, assim como a sua pessoa. Várias foram as designações dadas a ele, tais como “o rei dos profetas”, “o profeta messiânico” e “o profeta evangelista”. Seu livro é considerado por alguns como “a Bíblia em miniatura”
Todos estes fatores destacam-se e atraem a atenção para esta personagem, que passa agora a ser analisada de forma sintética quanto à sua vida e obra.

 A VIDA DO PROFETA.

Seu nome, 
Isaías, cujo nome significa "Jeová salva" ou "Jeová é salvação" exerceu o seu ministério no reino de Judá, tendo se casado com uma esposa conhecida como a profetisa que foi mãe de dois filhos: Sear-Jasube  e Maer-Salal-Hás-Baz.
A Bíblia cita nominalmente dois filhos de Isaías, que lhe foram dados como “sinais e como milagres em Israel”. (Is 8:18)

Sear-Jasube (שׁאר ישׁוּב) [Um Mero Restante (Os Remanescentes) Retornará].

Isaías 7:3 E Jeová passou a dizer a Isaías: “Por favor, sai, indo ao encontro de Acaz, tu e Sear-Jasube, teu filho, à extremidade do aqueduto do reservatório superior, junto à estrada principal do campo do lavadeiro”.

Maer-Salal-Hás-Baz (מהר שׁלל חשׁ בּז) [Apressa-te, ó Despojo! Ele Veio Depressa à Pilhagem; ou: Apressando-se ao Despojo, Ele Veio Depressa à Pilhagem].

Isaías 8:3 ”Cheguei-me então à profetisa, e ela ficou grávida, e no tempo devido deu à luz um filho”. Jeová disse-me então: “Chama-o pelo nome de Maer-Salal-Hás-Baz",

O nome na cultura hebraica é significativo podendo determinar uma situação presente, ou sendo determinada por ela; podendo ainda corresponder ao caráter presente do seu protagonista. Ridderbos (1986, p. 9) ainda faz uma conjectura Interessante sobre as circunstâncias para o nome do profeta ao escrever: “Talvez os pais de Isaías lhe deram este nome para expressar a sua gratidão pela bênção experimentada por ocasião do nascimento do seu filho”. Apesar deste comentário não encontrar evidências internas e tradicionais, ainda assim, o nome de Isaías, certamente, cumpre o seu papel, uma vez que em sua mensagem ele apresenta o Santo de Israel promovendo a salvação do seu povo mediante seu Servo
Geralmente considerado como o maior de todos os profetas bíblicos, Isaías terá nascido em Jerusalém por volta do ano 765 a.C., sendo proveniente de uma família nobre e homem de elevado cultura. A sua vocação profética teve início no ano da morte do rei Ozias e prolongou-se pelos reinados dos reis de Judá: Jotão, Acaz e Ezequias. Este foi um período muito conturbado, com ameaças permanentes de invasões dos assírios, babilônios e egípcios.

O capítulo 6 do livro de Isaías, informa sobre o chamado de Isaías para tornar-se profeta através de uma visão do trono de Deus no templo, acompanhado por serafins, em que um desses seres angelicais teria voado até ele trazendo brasas vivas do altar para purificar seus lábios a fim de purificá-lo de seu pecado. Então, depois disto, Isaías ouve uma voz de Deus determinando que levasse ao povo sua mensagem.
Focando em Jerusalém, a profecia de Isaías, em sua primeira metade, transmite mensagens de punição e juízo para os pecados de Israel, Judá e das nações vizinhas, tratando de alguns eventos ocorridos durante o reinado de Ezequias, o que se verifica até o final do capítulo 39.
A outra metade do livro (do capítulo 40 ao final) contém palavras de perdão, conforto e esperança.
Pode-se afirmar que Isaías é o profeta quem mais fala sobre a vinda do Messias, descrevendo-o ao mesmo tempo como um servo sofredor que morreria pelos pecados da humanidade e como um príncipe soberano que governará com justiça. Por isso, um dos capítulos mais marcantes do livro seria o de número 53 que menciona o martírio que aguardava o Messias: "Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e, pelas suas pisaduras, fomos sarados". (Is 53:5)n Há no A. T. a ocorrência de outros homônimos (cf. 1º Cr 3:21; 25:3, 15, na LXX e traduzido por “Jesaías” nas versões portuguesas: RA, RC, TB). Portanto, o profeta é distinguido dos demais com a adição da frase “filho de Amoz” (cf. Is. 1:1; 2º Rs 19:2, etc.), ou por sua designação profética: “o profeta” (cf. 2º Rs 20:1).

 Sua família, sua ascendência.

O próprio prólogo do livro (cf. Is 1:1) nos apresenta a filiação do profeta: “filho de Amoz”. Este é o máximo de informação. Não há registro algum sobre o seu pai, sua tribo ou dos seus primeiros anos de vida, exceto por algumas conjecturas e pela tradição rabínica. Segundo Champlin (2001, p. 2779) alguns acreditam que o profeta descendia de uma família sacerdotal com base no texto de sua comissão no capítulo seis, dos versos um a oito. Por sua vez, a tradição rabínica identifica-o como membro da realeza de Judá. “a tradição rabínica de que Amoz, pai de Isaías, era irmão do rei AmaSsias, não tem confirmação adequada. Assim mesmo, alguns intérpretes creem que podemos inferir, da sua conduta, que ele era de nobre descendência, e como tal, tinha influência na corte real”. Seu nascimento pode ser calculado entre 765 e 760 a.C., visto que seu chamado profético deu-se por ocasião da morte do rei Uzias em 740 a. C. (cf. Is 6:1).

 Sua descendência.

A vida familiar de Isaías, entretanto nos é descrita, mas igualmente sucinta. Era casado, e sua esposa é chamada de“a profetiza”
(cf. Is 8:3). Mais uma vez há dúvidas quanto ao termo, pois pode descrever o fato dela também profetizar ou a sua condição de esposa de profeta. Não obstante, o Senhor usou a própria família de Isaías como instrumento de revelação da Sua mensagem ao povo. Dois filhos são mencionados no seu livro, e ambos receberam nomes simbólicos (cf. Is8:18), que indicavam a iminência do juízo divino, sendo eles: “Um-Resto-Volverá” (cf. Is7:3,14 - RA) e “Rápido-Despojo-Presa-Segura” (cf. Is 8:3,4 - RA). O primogênito aparece no livro aparentemente já homem feito nos dias de Acaz, enquanto que o segundo nasce durante o mesmo reinado. Para Champlin (2001, p. 2779) os significados destes nomes podem
 É necessário ainda fazer uma distinção entre Amoz, pai do profeta Isaías, e Amós, o profeta. As grafias são diferentes, mesmo no original, apesar do som ser parecido
estar associados tanto ao cativeiro assírio quanto babilônico. Visto que quando o Reino do Norte foi levado, o Reino do Sul permaneceu apenas porque pagou tributo (2º Cr. 28:21)
 Escopo.


 A OBRA DO PROFETA.

Calcula que Isaías tenha exercido o seu ministério profético por cerca de cinqüenta anos ou mais no reino de Judá, sendo Jerusalém o palco de suas ações. Ao abrir seu livro, deparamos com esta realidade:
“Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”
(Is 1:1). Portanto, ele profetizou mais ou menos entre 740 a 695 a.C
Diferente de Amós, que era boiadeiro profetizando para o Reino do Norte, Isaías viveu na cidade e concentrou suas atividades no palácio, em Judá. Como profeta advertiu vigorosamente os palacianos e ao povo contras as alianças com as nações vizinhas exortando-os a confiar no Senhor, tornando-o alvo de zombarias e de rejeição. Teve um ministério profético profícuo como se verá adiante, sendo um atento observador político de sua época e deixando transparecer nos seus escritos que era um homem culto. Quanto à sua morte não encontramos registro, e mais uma vez encontramos esta informação na tradição rabínica, de que ele teria sido colocado dentro de um tronco de árvore para depois ser serrado ao meio. Contudo Ridderbos (1986, p. 10) argumenta que “de acordo  com a tradição rabínica, Isaías sofreu o martírio pela espada, ou foi serrado em dois durante o reinado de Manassés. Contudo, estas tradições tendem a não ser dignas de confiança. Da mesma forma, a referência de Hebreus 11;37 ao martírio de pessoas que foram serradas ao meio não é prova de que esta foi a sorte de Isaías”. Pode-se dizer, seguramente sobre Isaías, que embora não se tenha certeza de sua ascendência real, ele tem sido chamado de “rei dos profetas” (Ridderbos. 1986, p. 10), pois através de seus escritos se percebe uma dignidade real por meio de suas ações intrépidas, pelo estilo nobre e belo de suas mensagens.

 A OBRA DO PROFETA.

Calcula que Isaías tenha exercido o seu ministério profético por cerca de cinqüenta anos ou mais no reino de Judá, sendo Jerusalém o palco de suas ações. Ao abrir seu livro, deparamos com esta realidade:
“Visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”(Is 1:1). Portanto, ele profetizou mais ou menos entre 740 a 695 a.C.

 O contexto histórico.
Isaías viveu num momento importante para Israel e Judá. Alguns dos primeiros capítulos do livro refletem esse ambiente. Seu nascimento mesmo foi em dias de grande prosperidade para Judá, algo que não havia sido experimentado desde a divisão dos reinos. Entender os dias e o ambiente que cercava o profeta, certamente nos ajuda a entender a sua obra.

 A situação política.

O período progressista em Judá tanto quanto em Israel, nos primeiros dias de Isaías, deve-se ao fato da mudança no cenário político internacional nos anos anteriores. Aproveitando a declaração do período do exercício ministerial de Isaías (cf. Is 1:1),apresento a situação política de acordo com os reinos judeus e as monarquias sulistas durante o exercício profético.

 O reino de Israel.

Em Israel a pressão Síria minguava-se diante do novo império Assírio. Jeroboão II aproveitou o enfraquecimento do reino sírio recuperando suas fronteiras e expandindo o seu reino conforme a profecia de Jonas (2º Rs 14:25). Nesta época o novo império Assírio enfrentava problemas internos propiciando este período áureo para Israel. O sucesso militar e comercial de Jeroboão II trouxe as riquezas, assim como o declínio moral e a indiferença religiosa. Sob este tempo profetizaram Amós e Oséias. Após a morte de Jeroboão II sucedeu-se nova disputa pelo poder no reino do norte, surgindo as dinastias de Salum, Menaém e Peca. Durante este período de decadência, a Assíria, agora fortalecida, invadiu a Palestina conquistando-a e posteriormente Samaria, em 722 a.C., expatriando-os.

 Uzias, rei de Judá.

Em Judá, por ocasião da nova disputa pelo poder em Israel, Uzias exerceu sua liderança trazendo para o povo uma era de prosperidade, ampliando as fronteiras para o sul e subjugando os amonitas ao oriente. Algumas justificativas para este período próspero no reinado de Uzias podem ser apresentadas como sendo o ambiente de cordialidade existente entre Uzias e Jeroboão II, uma vez que não há registro de ataques entre eles conforme apresentado por Schultz (1984, p.197). Segundo, o enfraquecimento interno de Israel após Jeroboão II, possibilitando as expansões ao oriente. Terceiro, os problemas internos no império assírio impedindo sua ambição expansionista temporariamente. Quarto, os territórios expandidos faziam parte de
rotas comerciais importantes. Por fim, a direta dependência do regente ao Senhor (cf. 2º Cr 26:5,7).Infelizmente, Uzias, no auge do seu sucesso, forçou uma postura que era exclusiva dos sacerdotes, tentando oferecer incenso no templo. A lepra e a perda dos privilégios sociais foram resultados deste ato punível pelo Senhor. Jotão se torna co-regente. Ao final do reinado, o império Assírio novamente toma força com Tiglete-Pileser III. Numa política de oposição, Judá é vencida numa batalha contra os assírios em Arpade. Schultz comenta:
“embora Tiglete-Pileser houvesse esmagado a oposição conduzida por Azarias (Uzias), não fez qualquer reivindicação de haver colhido tributo de Judá. Visto que Menaém pagara uma soma enorme a fim de evitar a invasão punitiva por parte dos ferozes assírios, Tiglete-Pileser não fez seus exércitos avançarem para o sul, na direção de Judá, nessa oportunidade. Por conseguinte, Uzias foi capaz de manter uma política anti-assíra, ao mesmo tempo em que contava com Israel, que era favorável à Assíria, como se fora um estado tampão” (1984, p. 198).
Morre Uzias, mas deixa na história de Judá um reino que superou suas dificuldades internas e externas, tornando-se desenvolvido e próspero, sendo ultrapassado apenas pelo progresso experimentado nos dias de Davi e Salomão

 Jotão, rei de Judá.

Jotão foi um rei eclipsado por um antecessor forte e firme, mantendo-se em segundo plano até a morte do pai, e seguindo a política deste; e posteriormente por seu sucessor, Acaz, que diante da ameaça assíria tornou-se co-regente. Schultz sintetiza o reinado de Jotão relatando que seu “reinado total é computado como vinte anos, mas ele (Jotão)
reinou sozinho apenas por três ou quatro anos. Na posição de co-regente com seu pai, ele teve pouquíssimas oportunidades de impor-se. Mais tarde, a ameaça assíria precipitou a crise que o forçou a retirar-se da vida ativa, enquanto Acaz advogava amizade com a capital nas margens do rio Tigre” (1984, p. 199 – acréscimo pessoal em negrito).O início do seu reinado coincide com o de Peca, no reino de Israel, cuja postura política foi de oposição aos assírios. Sem expressão política externa diante da pressão assíria na região, apesar de sufocar um levante entre os amonitas, não foi capaz de manter a cobrança de tributos. Por sua vez na política interna revelou-se sem grandes feitos, envolvendo a construção de cidades e torres para o estímulo à agricultura no país, assim como demonstrou interesse religioso ao construir um portão superior no templo, sem, contudo intervir no culto pagão dos lugares altos (2º Cr 27:2).
 Acaz, rei de Judá.

Acaz teve um reinado de vinte anos cheio de dificuldades (2º Rs 16:1-20; 2º Cr 28:1-17), cedendo à pressão externa imposta pelo império assírio, tornando-se seu partidário. A Assíria impunha seu desejo de conquista do Crescente Fértil, levando Peca, rei de Israel, a aliar-se com Rezim, rei de Damasco, numa coalizão de oposição ao expansionismo assírio. Como parte desta estratégia, compeliram Acaz para que se junta-se a eles. Acaz recusa-se, evidenciando sua política pró-assíria. A postura partidária de Acaz, neste momento, lhe trouxe a ameaça da coligação Israel e Síria, que tinham a intenção de depô-lo e estabelecer um novo regente favorável a política anti-assíria. Este é um dos momentos de intervenção do profeta Isaías, pois Acaz comete a insensatez de pedir auxílio à Assíria. Judá se torna um estado satélite do império assírio. Em 732 a. C., Damasco é conquistada e os território ao norte de Israel. Oséias é colocado como rei em Samaria numa posição de vassalo assírio, mas rebela-se. Em 722 a.C. Samaria é finalmente sitiada e destruída. Acaz encontra-se com Tiglete-Pileser em Damasco lhe assegurando vassalagem. Deste encontro, ele lidera o regresso de Judá ao paganismo, atraindo a condenação e o juízo divino.
“Durante todo o seu reinado Acaz manteve uma política pró-assíria. Enquanto havia troca de soberanos na Assíria e o reino do Norte chegava ao fim, por causa da rebelião de Oséias, Acaz guiava com sucesso sua nação através das crises  internacionais. Embora Judá houvesse perdido a sua liberdade, e tivesse tido de pagar pesado tributo à Assíria, prevaleceu a prosperidade econômica que fora estabelecida sob os ditames rígidos de Uzias. As riquezas estavam melhor distribuídas do que no reino do Norte, onde haviam beneficiado exclusivamente a aristocracia. Enquanto o “status quo” não fosse perturbado por exércitos invasores, Judá suportaria o pagamento de pesado tributo à Assíria. Embora contasse com o grande profeta Isaías como seu contemporâneo, Acaz promoveu as mais esdrúxulas práticas idólatras. de acordo com costumes pagãos, ele fez seu filho passar pelo fogo. Não somente retirou muitos tesouros do templo, para satisfazer às exigências do rei assírio, MS também introduziu cultos estrangeiros no lugar onde só Deus era adorado. Não admira que Judá houvesse incorrido na ira de Deus” (Schultz,1984, p. 200) Há uma oscilação na espiritualidade em relação ao reino de Judá, enquanto que em Israel o povo estava corrompido e impenitente, apesar de algumas poucas exceções. Amós e Oséias foram os instrumentos de Deus para Israel, enquanto Isaías e Miquéias atuaram em Judá.A prosperidade no reinado de Uzias induziu o povo de Judá a luxúria e auto confiança, motivo pelo qual rejeitaram a mensagem profética de Isaías ao arrependimento (cf. Is 6:10-11), passando então a descrever o juízo divino. Assim começava o declínio espiritual do povo, na mesma proporção que político. É neste ambiente de decadência que Isaías recebe o seu chamado. Entretanto é no reino de Acaz que o culto ao Senhor no templo é substituído pela idolatria pagã. O envolvimento de Acaz com as alianças estrangeiras deve-se a sua incapacidade de confiar no Senhor (cf. Is 7:2).Finalmente a esperança e a renovação espiritual renovam-se no reinado de Ezequias. Vê-se que a reforma religiosa começou ainda no primeiro mês de seu reinado. Certamente a destruição do reino de Israel, como evidência das palavras de juízo divino, tornava mais forte ainda o movimento de reforma. A páscoa foi celebrada contando com alguns remanescentes do reino de Israel. Isaías estimulou Ezequias a confiar no Senhor apesar da pressão internacional para o estabelecimento de alianças. A tendência de aceitar tais alianças traziam mais pressão, contudo a fé e a confiança renovada nas ações divinas, garantiram o favor do Senhor. Assim, conforme Stanley (1993, p. 218-219) indica, houve uma mudança na direção do braço justiceiro do Senhor que salvou Judá de um destino igual ao de Israel.

 O chamado profético de Isaías

“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor” (Isaías 6:1). É desta forma que o profeta inicia o testemunho de sua comissão. A situação política estava insustentável tanto interna quanto externa. A situação internacional tendia para uma oposição à Assíria, que encontrava em Jotão uma inclinação favorável seguindo a política de Uzias. Entretanto internamente havia uma pressão para uma mudança política de apoio à Assíria, cujo enfoque encontrava respaldo em Acaz. Era um tempo de grande incerteza. Para Schultz a comissão profética de Isaías estabeleceu-se nas seguintes circunstâncias: “Foi durante aquele ano de tensão doméstica e no exterior que o jovem Isaías recebeu seu chamamento profético. é possível que  ele tivesse observado os acontecimentos internacionais com agudo interesse, ao dissiparem-se as esperanças de sobrevivência nacional por parte de Judá, diante dos exércitos assírios que avançavam. Qual teria sido a atitude religiosa de Isaías, nesse tempo, não é indicado. Talvez ele conhecesse a Amós e Oséias, que se mostravam ativos no reino do Norte. Em sua juventude pode ter entrado em contato com Zacarias, o profeta que exercia tão favorável influência sobre Uzias. Nesse ano crucial, pois, Isaías foi chamado para ser porta-voz de Deus – anunciar a mensagem de Deus a uma geração que enfrentava acontecimentos históricos sem precedentes”. (Schultz, 1984, p. 286).
Fato notório é a disposição de Isaías em ser este mensageiro divino, pois ao ouvir a convocação responde prontamente. A disposição não muda diante a afirmação do Senhor que o povo não responderia favoravelmente à mensagem. Sua responsabilidade ela proclamar, até quando os juízos se confirmassem. Entretanto, do toco cortado um renovo ressurgiria como fruto deste ministério árduo (cf. Is 6).Têm-se início a “visão de Isaías, filho de Amoz, que ele teve a  respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (cf. Is 1:1).

 O ministério profético.

O período vivido por Isaías, assim como o exercício do seu ministério profético envolveu o levante e queda de reinos e impérios. Destacou-se que as tribulações do povo de Deus, tanto Israel quanto Judá, nada mais era do que a resposta divina à infidelidade. Assim o Deus que controla todas as coisas usou a Assíria para dar início ao seu processo de vindicação enquanto que a Babilônia o encerra. Apresento a seguir alguns aspectos especiais dentro do ministério profético de Isaías.

 Os períodos de atividades proféticas.

O trabalho profético de Isaías pode ser dividido em quatro períodos conforme Ridderbos (1986, p. 12-16).
O primeiro período vai do ano em que morreu Uzias até a ascensão de Acaz ao trono de Judá, abrangendo o reinado de Jotão. As profecias deste período se encontram reunidas em sua maior parte nos capítulos dois a seis. Foi um período cujo conteúdo da mensagem profética consistia de condenações das condições corruptas existentes em Jerusalém, em Judá e em Israel, anunciando o julgamento divino sobre eles. Nesse primeiro período o arrependimento foi pregado, mas não houve resposta, havendo uma associação aos temíveis assírios como instrumentos deste juízo divino. 
O segundo período abrange o reinado de Acaz, focalizando essencialmente a guerras iro-efraimita. As profecias importantes deste período se concentram nos capítulos sete a nove, como provavelmente o capítulo um.
Schultz (1984, p. 286-287) comenta que as atividades de Isaías durante o resto do reinado de Acaz são obscuras, assim como não há indícios de que este rei tenha reconhecido Isaías como profeta autêntico. Conjecturando-se ainda sobre seus interesses e ansiedades em relação á Judá uma vez que Samaria caiu nas mãos dos assírios em 722 a.C.
O terceiro período focaliza o princípio do reinado de Ezequias advertindo contra a cooperação com alianças anti-assíra.
O quarto período concentra-se por ocasião da invasão de Senaqueribe,         estimulando o rei a não cooperar com alianças anti-assíra, principalmente com o Egito, mas confiar inteiramente ao Senhor. Unger (cit. in Champlin 2001) sumariou as atividades proféticas de Isaías relatando que
“[...] seu ministério, enfatizava os fatores espirituais e sociais. ele feriu as dificuldades da nação em suas raízes – sua apostasia e idolatria – e procurou salvar Judá da corrupção moral, política e social. Porém não conseguiu fazer com que seus compatriotas se voltassem para Deus. Sua comissão divina envolvia a advertência de que sobreviveria o castigo final (Is 6:9-12). Dali por diante, ele declarou, ousadamente, a inevitável queda de Judá e a preservação de um pequeno remanescente fiel a Deus (Is 6;13)”.

 A mensagem profética.

Unger (cit. in Champlin 2001) ainda descreve o conteúdo da mensagem de Isaías:
“Todavia, alguns raios de esperança alegram as suas predições. Através desse pequeno remanescente, ocorrerá uma redenção de âmbito mundial, quando viesse o Messias, em seu primeiro advento (IS 9:2,6; 53:1-12). E, por ocasião do segundo advento do Messias, haveria a salvação e a restauração da nação (Is 2;1-5; 9:7; 11:1-16; 35:1-10;54:11-17). O tema de que Israel, um dia, será a grande nação messiânica no mundo, um meio de bênção para todos os povos (o que terá cumprimento somente no futuro), que fez parte tão constante das predições de Isaías, tem atraído para o título de profeta messiânico”.
Diante desta percepção pode-se apresentar a mensagem profética através da seguinte proposição: “A salvação prometida de Deus consiste na remoção punitiva da atual ordem antropocêntrica rebelde e no estabelecimento de uma nova ordem teocêntrica por meio do Seu Servo, em Quem se realiza a promessa de bênção sobre a terra” (Carlos Osvaldo, 1985).

 Propósito e teologia das mensagens.

Como um mensageiro do Senhor que faz aliança com Israel e Judá, Isaías alertou que o povo de Deus estava para ser julgado por infringir a aliança com Ele.
também profetizou e testemunhou que a cidade de Jerusalém seria miraculosamente libertada da Assíria. Suas mensagens destacam a soberania de Deus sobre as nações. O Senhor levantou a Assíria e a Babilônia como instrumentos para punir seu povo rebelde, mas depois as destruiria por causa de sua arrogância e crueldade. Contudo neste contexto, será levantado o “Servo do Senhor” que desempenhará um papel importante na restauração de Israel. A revelação bíblica subseqüente identifica esse servo com Jesus Cristo. M. Henry(2003, p.560) destaca acertadamente que Isaías é chamado de “o profeta evangelista”, passando a descrever o propósito e a teologia destas mensagens:
“Ele é corretamente chamado de “o profeta evangelista” devido às suas numerosas profecias acerca da vinda, do caráter, do ministério, da pregação, dos sofrimentos e da morte do Messias, e da extensão e continuação de seu reino. Sob o véu da libertação do cativeiro, Isaías aponta para uma libertação muito maior, que iria ser efetuada pelo Messias; raras vezes menciona uma sem ao mesmo tempo fazer alusão à outra; sim, ele está muitas vezes tão extasiado com a perspectiva da libertação mais distante que perde de vista a outra que está próxima, para dedicar-se à pessoa, ofício, caráter e reinado do Messias”.
Outros temas teológicos importantes são encontrados nestas mensagens, tais como o nascimento virginal do Messias (Is 7:14); a santidade de Deus; a queda de Lúcifer (Is 14:4-20)e o conceito de “retidão e justiça”.

 O valor ético e teológico das mensagens.

Para Isaías, Deus era “O Santo de Israel” e “O Criador dos fins da terra”. Esse Deus exigia pureza moral e justiça de seu povo e de todas as nações. Isaíasdesafia os cristãos a esperarem em Deus, que não cortou relações com a criação .O Israel do Antigo Testamento concretizou apenas parcialmente a salvação e a paz divina. Deus, que agiu para salvar os cristãos no passado por intermédio do Servo Sofredor Jesus, agirá novamente para conduzir a história ao fim por ele desejado: um novo céu e uma nova terra.

 A forma literária das mensagens.

As mensagens apresentam-se numa grande variedade de formas literárias, muitas vezes interligadas de maneira altamente artística e com retórica eficiente. Entre as formas mais comuns estão o discurso de julgamento, a exortação ao arrependimento, o anúncio da salvação, o oráculo de salvação, o discurso de disputa e o discurso de tribunal. Há ainda mensagens de caráter preditivo, principalmente nos capítulos de quarenta a sessenta e seis que identificam pessoas e situações que surgiram posteriormente na história. Tal característica tem levantado dúvidas pelos críticos a partir do século XVIII, que
O cumprimento de profecia é uma das provas mais fortes de que a Bíblia é inspirada por Deus e que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus.  O Novo Testamento cita e aplica mais textos do livro de Isaías do que de qualquer outro profeta do Antigo Testamento.  De fato, Isaías é muitas vezes referido como o "profeta messiânico", por causa das muitas profecias dele que se cumprem especificamente em Cristo.  E ele escreveu essas profecias mais de 700 anos antes do nascimento de Jesus.


O propósito eterno de Deus foi descrito como um "mistério" até o momento que se revelou plenamente (Colossenses 1:26-27).  Não era um "mistério" no sentido de ser desconhecido por Deus, pois ele decidiu que o seu projeto de redenção residisse em Cristo "antes da fundação do mundo" (Efésios 1:4).  Mas era um "mistério" simplesmente porque os homens procuravam "qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias que os seguiriam" (1 Pedro 1:11).  Quando os profetas falavam do Messias vindouro, faziam muitas predições específicas que mostravam que a mensagem deles era da parte de Deus, não do homem.  Além do mais, quando as predições específicas se cumprem, não resta dúvida da veracidade que Jesus é o Cristo.


Quem Poderia Ter Imaginado?

C 7:14 S "A virgem conceberá e dará à luz um filho, e lhe chamará Emanuel" (Cumprimento: Mateus 1:18-23).
C 8:14 S "Ele . . . será pedra de tropeço e rocha de ofensa" (Cumprimento:  Romanos 9:31-33).
C 28:16 S "Eis que eu assentei em Sião uma pedra, pedra já provada, pedra preciosa, angular, solidamente assentada" (Cumprimento:  1 Pedro 2:6-8; 1 Coríntios 3:11).
C 22:22 S "Porei sobre o seu ombro a chave da casa de Davi" (Cumprimento:  Apocalipse 3:7; Lucas 1:31-33).
C 35:5,6 S "Se abrirão os olhos dos cegos" (Cumprimento:  Mateus 11:5).
C 53:5,6 S "Pelas suas pisaduras fomos sarados" (Cumprimento:  1 Pedro 2:24-25).
C 53:9 S "Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte" (Cumprimento:  Mateus 27:57-60).
C 53:12 S "Foi contado com os transgressores" (Cumprimento:  Marcos 15:27-28).
C 25:8 S "Tragará a morte para sempre" (Cumprimento:  Lucas 24; 1 Coríntios 15:54).

Desafio para os Incrédulos

Deve-se pedir a todo judeu que afirma crer em Isaías como profeta de Deus, mas nega que Jesus é o Messias, que explique Isaías 53.  De quem o profeta estaria falando senão de Jesus?  Ao longo dos séculos, os judeus que rejeitaram a Jesus não procuraram um salvador sofredor, mas Isaías claramente descreve um Messias que seria sacrificado pelos nossos pecados.  Ao lermos Isaías 53, devemos ser levados a chorar de gratidão por compreendermos melhor o amor de Deus manifesto no dom de seu Filho.

Isaías profetizou dizendo que seria "mui disfigurado, mais do que . . . outro qualquer" (Isaías 52:14).  Quando refletimos em algumas das atrocidades da guerra de nossos dias, essa declaração pode parecer questionável à primeira vista.  Mas, quando nos recordamos de sua vida na terra do começo ao fim, não pomos em dúvida que as infâmias sofridas pelo Filho de Deus ultrapassaram o que qualquer outro homem jamais sofreu.

"Não tinha aparência nem formosura" (Isaías 53:2).  Isso não trata simplesmente de seu aspecto físico, pois o Novo Testamento não nos diz nada a esse respeito.  Mas ele abandonou a glória que tinha junto ao Pai por uma vida sem nada do que normalmente atrai as pessoas a seguir alguém, como riquezas e notoriedade política.  "De Nazaré pode sair alguma cousa boa?" (João 1:46).  "Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens" (Isaías 53:3).  Nem mesmo o seu próprio povo o recebeu (João 1:11).  A cruz não foi a primeira tentativa para matá-lo.  As autoridades judaicas tentaram várias vezes, mas não poderiam matá-lo até que sua hora chegasse (João 12:23-28).  Era "homem de dores" (Isaías 53:3-4).  Ele chorou por causa de Jerusalém, que escondeu assim seu rosto dele.  Na noite em que foi traído, ele disse como sua alma era "profundamente triste" (Mateus 26:36-41).  "Por juízo opressor foi arrebatado" (Isaías 53:8).  Buscaram falsas testemunhas; três vezes Pilatos declarou sua inocência; e mesmo o ladrão na cruz disse:  "Este nenhum mal ele fez”





Bibliografia:

  • Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo Cristão -, 1994

  • Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Sociedade Bíblia Católica Internacional e Paulus, 14a. impressão, 1995.

  • Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 8ª edição.1989.para as datas

  • Jonathan de Almeida Silva
    Pr. Pres. Minist. Unção Verdade e Vida

    Pres.Nacional do C.N.I.P.B
    Juiz de Paz,Capelão,teólogo
    Prof: de Teologia
    Covide-nos para um estudo no Seu templo
    E-mail  prjsilva@gmail.com